27/12/2018 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 1331
Travessa Lourenço Pereira,
ponte arterial
entre a matriz e o coração de Jesus.
Uma voz cega,
mendigando o pão diário,
enche os olhos dos transeuntes.
“Jesus lhe bote a benção
São Francisco é seu padrinho
Deus te livre da gente falsa
e da praga do mau vizinho”.
Essa voz acorda em mim
fragmentos da infância.
As pedras já não são as mesmas...
Tempo, cirurgião drástico,
a mastigar meu rosto e as pedras.
Entre automóveis,
asfalto e pessoas que não me veem,
vou entre Pai e Mãe
fazendo calo em paralelepípedos nus.
O passado e o presente
se alternando em minha mente.
Jumentos,
jacás com goma
e farinha
e pessoas que morreram
passam colorindo meus olhos de calça curta.
Apolo XI opõe-se ao calor de minha terra
e eu sou príncipe na praça. Sem oiticica???
Não sei. O tempo corrói pedaços da história.
Um menino, com máscara
do rosto meu da primeira foto,
pede uma moeda ao pai
e despeja na tigela
de esmalte
fraturada.
O tilintar do metal
é uma canção de dor e de alegria.
Uma moeda em troca de uma toada.
Quantas vezes entoada!!!!!??
Voz flash-back:
“Jesus lhe bote a benção
São Francisco é seu padrinho
Deus te livre da gente falsa
e da praga do mau vizinho”. (*)
Olhos vislumbrando a cortina do passado.
E a procissão se arrastando
na Travessa Lourenço Pereira.
(*) Cantiga de uma senhora cega que pedia esmola na travessa Lourenço Pereira – Picos-PI.
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