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Vilebaldo Rocha | Olá, seja bem vindo

  • A FEIRA

    data da publicação 27/07/2019 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 6024

    a-feira
    Foto: A feira livre de Picos

    Esparramada sobre ruas e praças 

    E avenidas: um enorme tapete humano.

     

    Homens e Mulheres

    Despertam a madrugada

    Com suas barracas de sobrevivência.

    Lona plástico papelão

    Cobrem o suor do rosto.

     

    O suor e sangue semeado na terra

    Brota maduro na fruta e no cereal.

     

    __ Quem vai querer?! Aproveita, gente!!

     

    Ou sol ou chuva

    Ou casamento de viúva

    Ou ventania impiedosa

    Apenas assistem impassível

    A batalha comercial.

     

    Uns vendem.

    Uns compram.

    Uns compram e vendem.

     

    Em casa o lavra-dor

    Fica com sua cota

    Minguada 

    Mingau no alguidar.

     

    O atravessa-dor

    Come fácil sem suar a camisa.

    Deita na cama

    Macula a inocência da ignorância

    Sem fronteira. Arrota arrogância

    E põe o arroz e o feijão

    Mais caro na panela do trabalha-dor.

     

    __  Aqui é só pegar, pagar e levar!!!!

     

    Patrão e empregado

    Se fundem no vai-e-vem humano.

    Só o metal os separa

    Na bacia o ouro pesa no fundo.

    Mas a terra não distingue brasão de família.

     

    __ Uma esmola a um pobre cego!!!

     

    A sacola municipal

    Passa em carne e osso,

    É a rigidez do ofício.

     

    __ Uma esmola pelo amor de Deus, meu senhor?

     

    A fartura se estende além do olhar.

    Procurando tudo acha.

    Abóbora, beterraba, limão

    Algodão-doce, doce de buriti,

    Pão, moscas, moças, putas

    E os que andam na contra-mão.

     

    __ Ovo e uva boa!!! Ovo e uva boa!!!

     

    Verdura laranja abacate caju

    Abacaxi pêra uva maçã

    E gente de toda cor.

     

    __ Ganjão deixa eu lê sua sorte???????

     

    Há aquele que vive do bolso alheio

    Sanguessuga. Polícia alisa cacete

    Na costela do esperto.

    Um menino carrega cestas 

    E põe dignidade no lar.

     

    __ Tenham pena dum aleijado

    pelo amor de Nossa Senhora!!!!

     

    Melancia jaca pitomba jacá

    Ata banana pêssego maracujá

    Vassoura acerola carambola

    Um cachorra passeia entre as pernas.

     

    __ Moço me dá um trocado!!!!

     

    O dia passa meticuloso.

    A tarde agoniza entre detritos.

    Garis varrem a educação do povo.

    Um mulher varre o chão:

    Peneira o feijão desperdiçado,

    A barriga agradece.

     

    Gritos ressoam feito galo na madrugada.

     

    Comida feita na hora, gordurosamente,

    Almoço feito na pressa...

     

    A tarde finda,

    O corpo  pede descanso 

    E amanhã é outro dia.


     



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