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  • VILA VELA VITRAIS NA VIDA

    data da publicação 30/12/2018 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 323

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    Foto: Capa do livro Cacos de Vidro

    Os vitrais velados por Vila não refletem as cores mórbidas de uma cidade literalmente morta. São vitrais vivos. São imagens poeticamente vivas. Ora pictóricas, literariamente caricaturadas; ora metafóricas, desenhadas, poeticamente sublimadas.

                A retina de Vila é um âmbar. Um âmbar poético, uma resina literária que vitrifica imagens.

                Vila vela vitrais na vida em telas aparentemente mortas, em lendas literariamente vivas, em uma poética pulsante, inquieta.

                Tantas palavras terminadas em “mente”, quase sempre advérbio de modo, no prefácio, poderiam apresentar um poeta que prima pela forma em detrimento do conteúdo. A questão é que o conteúdo desses imensos cacos, desses cacos macrocósmicos está na poesia imagética.

                Vila vela o conteúdo da poética entranhada nas ruas de uma cidade impregnada de tudo.

                O Rio Guaribas é a retina líquida do poeta. É a desregionalização de um fio. É a universalização da água de uma poética aparentemente regional.

                A vertente social de um poeta nesse nível não poderia ser panfletária nem aleatória. “Cortaram os cabelos das acácias”, é, metaforicamente uma fuga ao lugar comum da poesia social em linguagem ingenuamente direta. Traz uma acentuada semântica que nos remete à leitura mitológica de Sansão, representando a força natural.

                A caracterização dos tipos que lotam a cidade, que lotam os bares, bordéis, refletem aspectos de uma poesia urbana quase etílica, mas de traços bem vivos. É a “vida submersa no copo”, “sentada à mesa”, “queimando entre os dedos”, “cambaleando entre os versos da poesia do bar”.

                O bar poético de Vila desenha o mito de um Dionísio suburbano. A bebida é o “bálsamo que lava a ferida”, os corredores do “Bar” são um “rio venéreo” que se derrama pela cidade.

                É através de imagens, da arquitetura poética que vila constrói a semântica do seu verso, o seu conteúdo poético. É o curso do tempo e da poesia em “vento, verso, vela, mar, amor”.

                “Dias meses anos sol lua clara solidão.

                            Dias anos

                            Meses séculos

                            Anos solidão

     

                                       Sol só

                                       Lua nua

                                       Clara solidão”.

                A temática “impregnada de poesia” revela um Vila que vela uma forma plural de se fazer poesia. É um jogo multtemático, é um social intimamente pessoal. A introspecção que busca afinidade com o outro ( leitor ) que torna-se cúmplice quase depressivo; é uma forma leve de autocomiseração, o que só acontece no plano literário. Tendência que  pode ser lida em um nível estrutural, de oposição binária entre o homem e o poeta, seguindo-se a escola de Roman Jakcobson.

                Há outra análise possível, se observarmos Emil Steigner que procura ver o trabalho poético numa disposição anímica. Onde o poeta se solidariza com o homem.

                Outras análises são possíveis na obra deste poeta que guarda nos “olhos de passarinho acanhado” uma poesia imensa.

                Afinal “Vila vela vitrais na vida”.

     

                                                   CARLOS EUGÊNIO RÊGO

         - Professor e poeta -

     

     



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