VilebaldoRocha
VilebaldoRocha

curtir pagina seguir pagina canal NoticiaPicos

Vilebaldo Rocha | Olá, seja bem vindo

  • É PEDRA ROCHA!!! É NOGUEIRA DE LEI!!!

    data da publicação 03/01/2019 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 445

    e-pedra-rocha!!!-e-nogueira-de-lei!!!
    Foto: Capa do livro Pau & Pedra de Vilebaldo Rocha, ilustração de Mundica Fontes

                Vila alça aqui o seu terceiro voo. Agora são três lanças no ar. Publicar é sempre um risco. Depois de Cacos de Vidro, ficou a cobrança. O segundo já veio com a responsabilidade de ter o mesmo peso. Veio O caçador de passarinhos, com a mesma intensidade, com a mesma beleza. Vila é intenso! Mesmo assim, ficou o suspense: Que corte terá "a terceira lâmina"?

                Agora vem Vila com Pau e Pedra na mão. Assim espanta o deserto da cidade. Assim espanta qualquer sombra de dúvida sobre a capacidade criativa que pode, um dia, esgotar.

                Em Pau e Pedra, além de manter a mesma força poética, a mesma sutileza, a mesma garra metafórica, a mesma beleza, Vila ainda inova, ao criar textos curtos, encerrando o livro, como um capítulo à parte, uma espécie de referência à velocidade do mundo moderno.

                O que há de diferente? Pau e Pedra é mais popular. Isso não significa obra simplória. Mesmo trabalhando nessa vertente, Vila mantém o vigor poético, o jogo metafórico, a expressividade linguística, vide "Sou o verso cascalho do fundo do rio" (Pau e Pedra), "Um braço é uma casa" (Abraços), "O sorriso sentado no sofá" (Casa de amigo), "Homens e mulheres despertando a madrugada" (A feira). São muitas, são a cara de sua arte.

                Ressalto aqui o extremo lirismo na descrição do trabalho da parteira que trouxe à luz toda a família Pau e Pedra: "Abriu muita porteira", "Cortava o cordão e a casa sorria" e "Ofereceu aurora com choro de sol" (Mãe Toinha).

                No texto que dá título à obra e a inicia, Vila faz uma brincadeira com seus sobrenomes: Nogueira de lei e pedra Rocha. Meu verso virou música (por mim), cantada por Jorginho, uma das mais belas vozes da cidade. É um texto que retrata seu autor: "Meu verso é camaleão / Drummond e Limeira vêm me abraçar". Essa referência à força do cotidiano e à expressão poética do absurdo dão a dimensão da inteireza do Vila poeta. Catalise e Renascer, juntamente com os dois primeiros textos, fecham um ciclo temático, um dos preferidos do autor: a arte de fazer poema, de ser poesia.

                A seguir, cinco textos que desenham a infância poetizada, desde o primeiro instante de luz: Mãe Toinha, Engenhos, Poço das almas, Arco-íris e Poesia de Amor (dedicada a uma mendiga que levava consigo a beleza do apelido).

                A vertente mais forte de Vila é a poesia social, marca fundamental dos seus dois primeiros livros. Picos é o berço diariamente revisitado pelo adulto. O texto engloba dois temas recorrentes na obra do poeta: saudade e ecologia, além de comentar poeticamente o pouco apego à cultura por parte do povo. "Poetas mofando em gavetas e esquinas". A feira é um texto completo em todos os sentidos, é um retrato conciso do coração da cidade.

                No seguimento social estão textos fundamentais, a denúncia está sempre presente. Elefante branco (Cartão postal da inutilidade") é uma crítica à passarela, construção absurdamente cara, sem um uso prático. Mosaico antigo é a postura do patrimônio histórico, é o dizer não à troca do piso antigo e belo da Catedral por um moderno. O ovo e Torto são a marca da sua postura política, um discorrer poético sobre a ideologia política corroída pelo fisiologismo. Vaca magra e Vaca gorda são a grande antítese nordestina, dois momentos. Estrada aberta (musicada por Suely Rodrigues) é a saída para os grandes centros quando as vacas estão esqueléticas, retrato da seca. Catedral é a fé. Isso diz tudo.

                Mas Vila é romântico também. É uma vida dedicada a sua "Roza" ("Em seu corpo fértil plantei desejos. Semeei sonhos, carícias, beijos. Polinizei a flor o ventre amado", nove luas de mistérios / carícias, beijos" e a Hereditariedade ("Nosso espelho de cada dia / O milagre da vida que se renova"), seu Espelho. É no romantismo que Vila é mais popular. A sua Gravidez de desejo foi premiada no concurso Rima Rara - antologia nacional de novos poetas, promovido pela Editora Vivara, de João Pessoa. Nesse ramo até Ilhéus que nasce de uma homenagem à cidade e ao mestre Jorge Amado, encerra-se com uma declaração de amor. Se você me ama é uma citação nada intencional a Quintana, no seu Bilhete.

                A última vertente da primeira parte, formada pelos textos mais longos é a das homenagens, aos amigos, às amigas, a Firmina (in memoriam), a Rosa, ao companheiro de fazer cultura: Sávio Barão, às bodas de ouro de Olivia e Benjamin (ele já não está nesse plano), entre outras. A rede e o peixe (homenagem ao professor Zé Bispo - in memoriam) extrapola os limites da homenagem e mergulha no social. É a força da poesia.

                Assim é Vila!!!

                Ele é Pau e Pedra!!!

     

     

                                       Carlos Eugênio Rêgo

                                       - Poeta e Professor -

     

     



Comentar matéria

    
  • Academia de Letras da Região de Picos
  • A PEQUENA DE OURO
  • Pau de Fumo
  • Pau & Pedra
  • O Caçador de Passarinhos
  • Nogueira & Moura
  • CD - ROTEIRO DO DOLHAR
  • INSTITUTO MONSENHOR HIPÓLITO
  • Cacos de Vidro