21/12/2018 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 1863
Rio Guaribas!
Rio da minha infância!
Rio pouco e lento, mas de águas claras;
Com piabas, traíras, piaus e mandis.
Rio das lavadeiras
Que ao cair do sol estavam
Com os dedos engelhados, os corpos cansados
E alguns trocados na capanga.
Rio dos cavaleiros-mirins!
Que galopavam no seu leito em cavalos de carnaúba;
Tangendo vacas, bezerros, sonhos e ilusões.
Tangendo a vida. Tangendo a sorte. A morte.
Rio dos plantadores de alho!
Que fizeram de Picos o celeiro do Piauí.
Teu leito verde distribuindo sonhos e esperanças;
Amenizando a dor no olhar do povo daqui.
Rio que no inverno arrastava
As populações ribeiras e deixava
Nos olhos das mães dos meninos afoitos:
Lágrimas salgadas e amargas e tristes.
Rio Guaribas!
Doce retrato amordaçado na lembrança!
Hoje és mofo. Esgoto. Fratura exposta.
O homem mija na solidão das tuas costas.
Quem saciava a sede alheia,
Hoje morre de sede e porrada.
Se arrastando para o mar, se contorcendo
Feito cobra perseguida e machucada.
Rio Guaribas,
Estes versos são lágrimas salgadas e amargas e tristes.
Um beijo ao teu renascimento,
Do menino que ainda existe.
(*) Primeiro lugar no Concurso de Poesia
Centenário de Picos.
Promovido pela ALERP.
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