RAÍZES DO SERTÃO

11/02/2019 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 4513

Foto: Os personagens Zé da Rima e Nanô: Vilebaldo e Eliomar

Eu num sei fazer poesia

Das coisas que num conheço.

Por isso que minha rima

É simples e num tem avesso.

E cantar o meu sertão

É minha sina e endereço.

Meu sertão num tem riqueza

Dessas de dinheiro e ouro. 

Mas quem vê o seu luar

Sabe que é um tesouro.

De tudo arranca beleza

Até das asas de um besouro.

As raízes do sertão

Tá nas coisas do dia a dia.

No beiju que a gente come

Que o bucho faz alegria.

Na aurora rompendo a barra

E a passarada em cantoria.

Tá no olhar do sertanejo,

No calo da sua mão.

No suor que cai do rosto

E aduba nosso torrão.

Numa prece que pede chuva;

Num menino de pé no chão.

Tá no voo da borboleta,

No bico do Gavião.

Tá na sombra do juazeiro,

No ispinho do cansanção.

Tá na enxada rasgando a terra

Por amor e por precisão.

A estória escrita na pedra

Nas cavernas do chapadão

São as digitais de um povo

Que não queria morrer não.

E transmitiu pro futuro

As raízes do sertão.

São raízes fincadas na terra,

Raízes pulsando no coração.

A cultura da nossa gente

No verso simples de uma canção.

Tudo que a gente faz e vivencia,

Essas são as RAÍZES DO SERTÃO.

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