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Vilebaldo Rocha | Olá, seja bem vindo

  • ELEGIA PARA PICOS

    data da publicação 25/12/2018 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 2803

    elegia-para-picos
    Foto: Praça Félix Pacheco - Picos-PI

    Linda flor selvagem!
    Teu nome esculpi em meu peito a ferro e fogo,
    De um jeito único e soberano
    Que a cada dia mais te amo,
    Mais proclamo meu amor por ti.
    Dormirás eternamente em meu verso.

    Desenhei este amor em mim,
    Na solidão dos caminhos, nos descaminhos;
    Nos ninhos dos passarinhos à beira das estradas.
    Menino falando sozinho no seio da amada,
    Nas ruas cruas, sem asfalto e sem farol,
    Sob o teu lençol de vento quente.

    Picos, minha amada!
    Eu e teus becos. Eu e tu no tempo dos currais;
    Canaviais; carnaubais; o rio sem gravata de cimento,
    Às vezes arrastava as plantações de alho e cebola
    E deixava os homens à margem
    Com os olhos rasos d’água, temperando o chão de suor e lágrima.

    Picos, minha amada!
    O tempo muda os homens
    E os homens mudam as cidades.
    Mas enquanto eu não morro, tu dormirás em minhas retinas.
    Eu sou tua fotografia, eternizada e renovada a cada instante.
    O velho e o novo nos meus olhos-poesia.

    Minha amada! Minha flor selvagem!
    As flores do pau-d’arco admiravam-te à distância,
    Mas a serra já não flora; os homens comeram as flores.
    Teu vento quente dá a temperatura do meu verso:
    Simples e humilde como o coração de Jesus;
    Imponente e visceral como as torres da matriz.

    Minha amada!
    Uma antítese em meu peito;
    Uma glória e uma chaga; um sorriso e uma lágrima;
    Os urubus dão o tom negro de tua face;
    Cantando a melancólica cantiga do desprezo;
    Dançando sob o teu céu azulado.

    Minha amada!
    O poeta já não é tão romântico e sonhador
    Para ocultar nas dobras do poema tuas mazelas.
    Um olho imerso em lágrimas capta a dureza da realidade.
    Os estupradores seviciam-te aos olhos de todos.
    Olhos carcomidos pelo urubu da passividade.

    Para sempre dormirás no meu verso
    Como uma criança no ventre da mãe.
    Para sempre acordarás em meu peito
    Como o sol tecendo manhã.
    Para sempre, serás sempre amada
    E ouvirás de minha boca versos na madrugada.

     



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